sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Qual é o Trabalho Útil da Maçonaria para o Mundo Profano?

Meus Irmãos, que trabalho útil para o mundo profano podem os Maçons executar com seus misteriosos segredos, com os seus costumes herméticos e muito reservados? Eu próprio já fiz esta pergunta inúmeras vezes, e até a alguns de vós já a formulei até à fronteira do vosso aborrecimento, e depois de muito pesquisar e de ter registado as vossas diversas opiniões, cheguei à conclusão, que o seu trabalho útil é de natureza tríplice. Dado que:
· o seu primeiro trabalho é no sentido de aperfeiçoar o espírito do maçom: na moralidade, no civismo, e na urbanidade, uma vez que em todas as Sessões de Loja, a afirmação de certas verdades relacionadas com a ética e com a conduta social, são uma tónica nelas sempre presente e dominante. E tanto mais, que na própria filosofia maçónica podemos recolher, que o verdadeiro maçom é todo aquele que em todas as situações sabe manter uma perfeita conduta e uma irrepreensível atitude, pautando-se em qualquer situação da vida, pelos preceitos da mais alta moralidade e da máxima correcção. Na verdade, sendo ele a obra-prima do Grande Arquitecto do Universo, como parcela cósmica da Sua criação, deve representar a evidência da Sua existência, e ao mesmo tempo, deve ser em si mesmo um Templo. Por outro lado, em Loja, o maçom é convidado e é continuamente estimulado a praticar como actividade lúdica e muito do seu agrado: o estudo das ciências e do verbo, e com tal saber, o verdadeiro maçom está dotado duma grande capacidade para contemplar horizontes mais amplos e mais vastos do que o homem vulgar. E por consequência do seu grande conhecimento da vida, o maçom sabe tornar as suas atitudes mais sublimes e mais elevadas, como sabe também temperá-las com a doçura e com a educação que o caracterizam e o identificam em qualquer teatro da vida.

· O segundo trabalho que a Maçonaria executa com utilidade para o mundo profano, é o de auxiliar a dissipar as nuvens que cobrem as mentes dos homens em relação ao seu fim. Na verdade, se cada maçom conhecer o que a Maçonaria lhe ensina, não poderá ignorar a imortalidade do seu espirito, nem tão pouco poderá ignorar que as suas experiências acumuladas são o fruto das suas muitas vidas já por ele vividas. E desse modo ele saberá que é eterno. Assim, sabe que para além do seu túmulo, semblantes amigos o esperarão. E só por este facto, não será dominado pelo medo, uma vez que sabe, que irá entrar na "Grande Loja Eterna", onde tudo lhe será familiar, por ter trabalhado com afinco e mérito numa Grande Loja aqui na Terra.

· O terceiro e último trabalho que a Maçonaria proporciona com utilidade ao mundo profano, tem muito de fórmula virtual e muito pouco de realidade. No entanto, pelo facto de ser atractiva, de natureza muito pura, e uma força abstracta me fazer acreditar que o maçom devotado à sua Loja encontra verdades morais e uma maior facilidade para a sua compreensão, acredito que se essas verdades serão transmutadas ao mundo profano. Já ouvi dum grande maçom desta Loja, e por diversas vezes, que quando entra no nosso Templo é investido duma grande espiritualidade, e que através desta, sente que o Grande Arquitecto do Universo o envolve numa paz cósmica que lhe proporciona uma grande harmonia interior e um grande bem estar em geral. Eu próprio, por diversas vezes e inexplicavelmente, já comunguei da mesma sensação de paz e de harmonia, pelo que admito existir uma admirável realidade por detrás da fórmula referida como virtual. E por essa razão, admito até, que é unicamente essa realidade invisível, que torna a Maçonaria um tão poderoso factor para o bem do mundo.
Como é do vosso conhecimento, a Loja é o local onde o maçom desbasta a “Pedra Bruta” e constrói o seu aprimoramento espiritual. E, dotado da Luz da Sabedoria cósmica, torna-se mais receptivo, mais generoso, mais tolerante, mais fraterno, e até mais irmão. Por conseguinte, personalidades reconhecidas publicamente como maçons, investidas com a Luz da Sabedoria, celebrizaram-se no mundo profano por iniciativas de grande valor social. Como foram as que tornaram realidade: a fundação da Cruz Vermelha, a criação da Sociedade das Nações, a Declaração dos Direitos do Homem, a Declaração dos Direitos da Criança, a criação da U.N.I.C.E.F., a U:N:E:S:C:O., os Escuteiros, os Médicos sem Fronteiras, o Internacional Rotary, e tantas outras organizações e movimentos orientados para a prossecução dos ideais da fraternidade e da tolerância. Só pela criação destas Organizações Humanitárias já muito contribuiu a Maçonaria para um mundo melhor.
Quanto mais evoluir a sociedade humana, mais sentido faz que os homens conscientes do seu destino ingressem na Maçonaria, uma vez que quanto mais materialista for a sociedade, mais consumista, mais desumana, mais competitiva ela será. E com esta evolução, maiores serão as necessidades de ideais e de valores espirituais. E tanto mais que a Obediência maçónica é a ciência das causas, e o baluarte da causa humana e do seu destino sideral.

Doze Procedimentos para Abater as Colunas de uma Loja

Assistir o menos possível às Sessões;

Se assistir a alguma Sessão, procurar chegar sempre tarde, e proferir inoportunas “graçolas” para destabilizar a interiorização dos Irmãos;

Se estiver frio, se chover, ou se estiver calor nunca pensar ir à Loja;

Se algum espectáculo televisivo coincidir com o dia e hora da Sessão, dá-se preferência ao espectáculo, e influencia-se outros Irmãos a proceder de igual modo, para não se correr o risco de se ser o único;

Quando assistir aos trabalhos, procurar criticar tudo o que o Venerável Mestre fizer ou disser;

Não aceitar nenhum cargo em Loja, ou tarefa alguma, pois é mais fácil criticar do que executar; Contudo, se for nomeado pelo Venerável, deve-se ser irregular na frequência e abandalhar o desempenho;

Dar-se por ofendido se não for nomeado para alguma Comissão, e se o for, não desempenhar a missão, nem tão pouco expressar qualquer ideia de trabalho, e muito menos comparecer às reuniões;

Se o Venerável Mestre solicitar “Peças de Arquitectura” justificar a falta destas com os seus muitos afazeres. Mas, caso o Venerável Mestre as peça na forma oral, deve manter o silêncio, ou objectar que se está muito cansado, ou que não tem opinião formada; depois, quando sair do Templo, dizer aos Irmãos como deveriam ter procedido sobre o tema discutido;

Só fazer o que de todo for indispensável, e se houver alguns irmãos a quererem trabalhar para o bem da Loja, fazer passar o boato de que há uma “camarilha”, um “lobby”, ou alguém em particular, que está a tentar dominar a Loja, ou à procura de visibilidade pessoal;

Demorar o mais que seja possível o pagamento das quotas mensais, e eventualmente, só as satisfazer quando estiver quase a ser suspenso, desculpando-se com a falta de cobrança, aviso, ou mesmo por se tratar de pessoa com muitos afazeres;

Não se preocupar em conseguir novos membros para a Loja, ou propor pessoas inconvenientes para esta;

Aproveitar o Ágape para “minar” os trabalhos desenvolvidos em Loja, e em particular, o desempenho do V:. M:., acusando-o sempre que possível deste ser parcial nas suas decisões, ou se a Assembleia for permissiva, transformá-los em eventos geradores de ideias e de comportamentos anarquistas e conspiradores contra as Luzes da Loja e contra o Governo da própria Obediência;

Solestício do Inverno

Meus irmãos em todos os vossos graus e qualidades, minhas encantadoras cunhadas, Exmas. convidadas e Exmos. Convidados, o próximo dia 25 de Dezembro será o dia mais pequeno do ano, dado que os dias seguintes e até ao mês de Julho começarão a crescer, dois minutos em cada dia, segundo os cientistas. Portanto no dia 25 de Dezembro festeja-se o Solestício de Inverno. Aliás, festejo este que data dos primórdios da nossa civilização. Pois, os adoradores do Sol remontam às épocas mais antigas da História da humanidade. Assim, tanto para testemunhar as origens ancestrais deste culto, como para manifestar quanto esta divindade foi preponderante nas crenças ancestrais, temos a civilização egípcia que adorava o deus Ra; a assíria que venerava o deus Shamash; e mais tarde a civilização celta e a civilização gaulesa que adoravam o deus-sol. Aliás, estes cultos profanos são denunciados nas Escrituras, nomeadamente em Ezequiel 8.16, quando diz:
"Estavam à entrada do Templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de 25 homens de costas para o templo do Senhor, com os rostos para o Oriente; e eles adoravam o Sol virados para o Oriente." . Meus Irmãos quem seriam estes homens que veneravam a luz que vinha do Oriente? Eu presumo quem seriam! vós também.
Como adoradores de deuses inspirados no Sol temos ainda, os Persas, dos quais conta a lenda, que no dia que corresponde ao nosso 24 de Dezembro queimavam o seu deus manufacturado de um tronco de árvore; isto depois de já terem feito um outro. Pois, pensavam que com o novo deus em vigor, os dias começavam a aumentar, uma vez que o seu deus jovem estava cheio de vigor para produzir dias maiores. Então, adoravam-no com diversas e aparatosas solenidades.

Os egípcios chegaram mesmo a construir os seus templos orientados de modo a que o nascer do Sol ocorresse entre os dois pilares da entrada, os quais eram encimados pelo sinal "neter", uma forma simbólica de falcão real, que representava o deus-sol. O Egipto primitivo empregava ainda menires indicadores deste. No entanto, séculos mais tarde, passou a utilizar o obelisco para consagrar os seus cultos ao Sol. O mesmo aconteceu com os menires bretões, cujo estudo da sua orientação, tem demonstrado o seu significado cronográfico. Pois, as unidades de Stonehenge, na Inglaterra e a de Kergonan na Bretanha, constituem verdadeiros templos solares.
Por sua vez, entre as tribos Maias, da América do Sul, e em particular a dos Huichol, esses mesmos raios solares eram representados pela flecha, vector ou mensageiro das aspirações humanas junto de Talé-houari, o seu deus-sol".
As civilizações gregas e romanas também introduziram nos seus costumes, festejos dedicados ao deus-sol, denominados NATAALIS SOLIS INVICTI, ou seja: "o nascimento do sol invencível". Estas festas, denominadas “saturnais”, eram celebradas de forma idêntica à dos persas, as quais decorriam entre o dia 17 de Dezembro até ao dia 24, e nelas o povo entregava-se às mais incríveis depravações, com grandes orgias, muitos dançares, e flagrante loucura. Por isso, estas festividades pagãs estavam profundamente arreigadas nos costumes populares, e eram muito difíceis de serem abandonadas pelas populações, mesmo que a influência "cristã" oficial o impusesse a tal.

Por outro lado, a festa germânica pagã do Solestício do inverno, a YULE, tinha como costumes principais os grandes banquetes, a folia, a troca de presentes, os círios acesos, as achas de madeira, os enfeites e as árvores. Costume este, que veio a dar origem à nossa conhecida arvore de Natal.
Assim, quando Constantino substituiu os festejos de sábado para domingo, (em inglês sunday, isto é, dia do sol) foi para agradar aos pagãos adoradores do Sol. E a influência do maniqueismo, que identificava o Filho de Deus com o sol físico, proporcionou a esses pagãos do século 4º, agora convertidos em massa ao cristianismo, o pretexto necessário para chamar á sua festividade pagã de 25 de Dezembro, o dia de nascimento do «filho de Deus.
Na verdade, durante os dois primeiros séculos da era cristã, a igreja não fazia ideia de qualquer festejo para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, pois ele não dera qualquer mandamento para tal, nem mesmo aos apóstolos alguma vez o recomendaram. Mas, no ano de 406 foi fixada a data de 25 de Dezembro a fim de cristianizar as grandes festas pagãs.

Em suma, a data do nascimento de Cristo viria a ser fixada no dia 25 de Dezembro, sobretudo por razões socio-culturais. Pois, para além de muitos deuses terem também nascido a 25 de Dezembro, comemorava-se e festejava-se o deus-sol. Razão, porque por decreto do papa Libério, no século 4º, decretou que o dia 25 de Dezembro passasse a ser a festa do "Dies Natalis Domini. E como a festa passou a ter origem romana, aquela estendeu-se às igrejas do império, embora com algumas dificuldades, sobretudo no Oriente. Por sua vez, no ano 527 o imperador Justiniano decretou então ditatorialmente que se celebrasse a festa do Natal a 25 de Dezembro. Apesar de pregadores cristãos do Ocidente protestarem contra a irreverência com que se celebrava o nascimento de Cristo; e muitos cristãos da Mesopotâmia acusarem os irmãos ocidentais de idolatria e de culto ao sol.
Portanto, independentemente da fé de cada um dos presentes, podemos celebrar este Natal de modo que nos torne capazes de participar na festa dos Homens, ao mesmo tempo, com alegria aceitamos a presença divina em todas as dimensões da nossa vida.
Feliz Natal!

A Maturidade consciente da Eternidade

Para qualquer saber na esfera do conhecimento humano, há uma relação directa entre a maturidade e a consciência da unidade de tempo, uma vez que a unidade de tempo pode ser um dia, um ano, ou qualquer outro período de tempo contabilizável. Contudo, aquela será sempre a unidade que o Eu consciente se servirá para avaliar e medir as circunstâncias da vida, e pela qual, o seu intelecto medirá e avaliará os factos da existência temporal. Por outro lado, a experiência e a sabedoria adquirida nas muitas vidas já vividas, as quais, conduzem o Homem à vida eterna, são o modelo que a mente humana dispõe para reconhecer e para avaliar uma experiência adquirida num passado, com o único propósito de a ligar a uma situação presente, como são também, o cânone que a mente dispõe para vaticinar sobre um futuro, para nele procurar um significado que se adapte a uma acção do presente. Na verdade, quando a mente humana reconhece um passado, e se revê no futuro que projectara, passa a exercer em cada plano temporal o infinito do seu Eu. E, assim sendo, para iluminar o verdadeiro significado do presente, a maturidade do Eu em desenvolvimento traz ao mesmo tempo o passado e o futuro. E tanto mais, que quando o Eu amadurece, passa a procurar as experiências vividas em sedimentos do passado cada vez mais lendário e mais remoto, enquanto que a antevisão da sua sabedoria, procura penetrar profundamente no desconhecido e no misterioso futuro que o aguarda. Por isso, a maturidade, que é gerada na experiência dum passado, engrandece e tonifica os valores do futuro.
Mas, se a unidade de tempo da maturidade está proporcionada a revelar a relação existente entre o passado, o presente e o futuro num contínuo eterno sem fim, a unidade de tempo da imaturidade concentra o seu valor no momento presente, e com uma tal intensidade, que o separa da sua verdadeira relação com o não presente, quando na realidade, nos níveis do infinito e do absoluto, o momento presente contém tudo o que foi do passado, bem como tudo o que será do futuro, porque: o EU SOU, significa também EU FUI, e EU SEREI. E isso representa o nosso melhor conceito de eternidade e do Eterno.
Meus Irmãos, cada idade sucessiva do Universo, é a antecâmara da próxima era do crescimento cósmico, e cada época do Universo proporciona um destino imediato para todos os estágios precedentes. O cosmos, em si, e por si próprio, é uma criação perfeita. Pois, é a própria divindade em potência. Mas, para que o Homem compreenda qual é a relação que ele têm para com esta divindade, e para o cosmos em particular, terá ainda que ultrapassar os níveis animais em que se encontra, e pelo desbastar da “Pedra Bruta”, chegar aos níveis de semelhança com Deus. Então, nesse Olímpico estado, finalmente compreenderá, que apesar de por princípio, a divindade absoluta ser eterna, os deuses estão relacionados com o seu tempo, como se fossem meras experiências da própria eternidade, para que aquela seja uma perpetuidade temporal, e se transforme no agora que perdurará para sempre.
Por outro lado, o Homem sabe que os números são a linguagem de Deus, pois proporcionam à mente finita uma base conceptual para a contemplação da infinidade. Por isso, vejamos, quanto de verdade existe neste axioma: na verdade, não há limitação quantitativa para os números, mesmo para a compreensão da mente finita, uma unidade adicionada a um número, poderá ser sempre por ela visualizada, por maior que aquele número seja. Por conseguinte, estando o número relacionado com o infinito, dado que não importa quantas vezes repetimos uma adição a um número, podemos de igual modo, associar a Matemática aos anseios e aos quereres do Homem, uma vez que apesar daquele em dado momento do tempo finito que dispõe e do status que alcançou ter alcançado uma meta, na verdade, mais cedo ou mais tarde, acabará por ansiar por novas metas e novos objectivos, e tais aventuras de crescimento do Homem, renovar-se-ão para sempre na plenitude do tempo e nos ciclos da eternidade. No entanto, pelas leis da Natureza, em cada grau do seu conhecimento, o Homem terá que saber esperar a indispensável maturação deste. Pois, sendo a paciência um privilégio dos mortais cujas unidades do seu tempo disponível são muito curtas, a verdadeira maturidade transcende será a tolerância nascida da compreensão real e verdadeira.
Assim, podemos concluir que para o Homem, tanto faz um milhão, ou um bilhão de momentos, dado que não lhe farão qualquer diferença, uma vez que os números deixaram há muito de ter qualquer significado para o propósito cósmico e divino deste. E tanto mais, que a sua escolha, adicionada à escolha que o grande Arquitecto do Universo para ele fizera, tornar-se-ão, em união, no espírito que toma a forma da Luz Eterna. E tanto mais, que ao nível do absoluto e do eterno, a realidade potencial é tão significativa quanto a realidade factual. Apenas para o nível finito, e para os profanos presos ao tempo, parece haver uma grande diferença.

A Eternidade

A permanente procura da distinção metafísica entre o espírito e a matéria, tem vindo desde o princípio dos tempos a ser o constante desafio para o Homem lúcido e consciente. Esta, tem sido uma certeza revelada pelas escavações em sucessivas camadas de sedimentos temporais. Assim, através da Arqueologia, podemos com segurança afirmar, que o Homem desde a nebulosa civilização megalítica, tem vindo teimosamente a procurar compreender qual é a diferença existente entre estes dois elementos, tão antagónicos e díspares entre si.

No entanto, foi necessário passar por este belo planeta azul, milénios saturados de evolução humana, para que o Homem chegasse à conclusão, que os dois elementos tão dispares entre si, se poderiam destrinçar e terem conceitos bem definidos, e dessa forma, poderiam ser melhor analisados e até por ele compreendidos. Assim, através da dissecação dos conceitos, o Homem concluiu: que a matéria na sua forma física, seria tudo aquilo que ocupa lugar no espaço, e que no seu aspecto esotérico, seria a substância da mente cósmica que adquire formas, sendo o pensamento o efeito que produz a obra, e que é responsável pelos seus actos.
Com a visão complexa dos referidos elementos desvendada, tornou-se possível ao Homem aceitar, e compreender a existência do espírito, como sendo uma inteligência viva, capaz de entender as formas da matéria, sentir o movimento desta, e, até avaliar as relações dos seres no concreto e no abstracto da sua existência. O Homem compreendeu ainda, que o espírito e a matéria estão unidos e interligados entre si pela energia que emanava, a qual, se traduzia pelo fluxo do amor, ou pelo fluxo do ódio. Compreendeu ainda, que estes antagónicos fluxos estão presentes na sua forma egocêntrica mais primitiva, pela qual, têm sido responsáveis pelas suas relações e reacções às impressões do mundo exterior. Apesar desta energia ser muito poderosa, contudo, não tem vindo a permitir ao Homem atingir o seu estado absoluto, porque a sua mente está programada para reflectir o que este conheceu, analisou, estudou, experimentou, entendeu e compreendeu na sua curta existência, nas suas várias vidas. Isto é, a sua mente está preparada somente para aceitar tudo o que tem sido a esfera do seu conhecimento e o palco da sua vivência. Razão porque existem infinitos aspectos do conhecimento que fogem à sua compreensão, dado que aqueles são incapazes de impressionar os seus sentidos, sendo por isso ainda indecifráveis e para ele misteriosos.
No entanto, meus Irmãos, o espírito existe, ele está sempre presente em nós, uma vez que é ele que nos fortalece matematicamente com a soma das experiências de todas as personalidades de que cada Homem usou em todas as suas reencarnações, até ao dia, em que pelo aperfeiçoamento da forma, pela sublimação das emoções, e pelo discernimento intelectual, este venha a atingir um estado harmonioso, onde a sua vitória sobre o seu egocentrismo fora total e completa. E nesse dia, transformar-se-á então em Luz que iluminará outros espíritos em preparação.
Em suma, o espírito fundido na mente humana alimenta-se e evolui à medida que auxilia os outros a encontrarem os seus caminhos, sem necessariamente intervir nas suas decisões, somente através da sua vibração em ressonância com os demais. E através deste misterioso fenómeno, após incontáveis reencarnações, o homem pode vir a optar por se fundir a Deus, o Ser Cósmico, o Ser Supremo, elevando-lhe ainda mais a sua vibração e, portanto, contribuindo desta forma para a sua própria libertação, ou se este o desejar, permanecer personalizado, para novamente se reencarnar por forma a ajudar as almas a chegarem ao seu estado harmonioso, que depois, juntos, estarão com Deus em um só, numa verdadeira Eternidade.

É da existência da referida luz eterna, a luz do Oriente, a responsabilidade por neste momento sentir que há um vínculo envolvente entre DEUS e o Homem, de um modo terno, cúmplice e necessário. Não me perguntem meus caríssimos irmãos como sei da existência desta sobrenatural força cósmica, que nos atrai, como a luz do candeeiro atrai a traça, e que nos acompanha em todos os nossos actos e pensamentos, pois de igual forma nós sentimos o vento e por isso nós poderemos afirmar que ele existe, embora não tenhamos a possibilidade de distinguir a sua forma e por isso não temos a possibilidade de o ver, também de igual modo, nós poderemos afirmar a existência desta luz eterna, a qual é a responsável do vínculo do homem para com Deus.

Mas, se dúvidas da existência desta luz cósmica ainda teima em prevalecer nos vossos corações, é porque ainda não estão preparados para O conhecerem. A razão humana na sua generalidade tem sido incapaz de compreender a existência de DEUS, embora, a intuição da sua alma, pelo sentimento da beleza e pela influência da sabedoria, tem por sua vez tido a capacidade de admirar a sua maravilhosa obra, como também, nos momentos de maior aflição tem tido a capacidade de implorar a sua misericordiosa protecção por reconhecer o seu infinito poder e misericórdia.

Assim, pelo conhecimento da existência deste vínculo, nós temos a capacidade de poder elevar o nosso espírito à sabedoria cósmica e de mergulhar nas suas profundezas esotéricas na busca da perfeição e da harmonia do homem para com Deus. É certo que nesta incessante procura, muitas vezes temos a sensação de que é como andar pela circunferência do fenómeno e não caminharmos directamente para o centro do círculo, que é onde se encontra o substrato da verdade e o substrato da nossa felicidade, cuja construção desta, só depende da nossa capacidade de absorver a frustração e de aprendermos com todo este fenómeno. Nós devemos sempre que possível, vibrar com todas as frequências do Amor e do bem, mesmo na adversidade, pois só o Amor nos pode fazer permanecer íntegros e dignos, após tantas idas e vindas de sucessivas reencarnações, para que um dia renasceremos na luz de DEUS.

Na verdade, grandes mistérios ainda envolvem a nossa existência, contudo, com a esperança, com a dignidade, e alguma crença em nós mesmos, podemos dar grandes passos em direcção à conquista do sublime objectivo das sucessivas reencarnações. Neste propósito, assim tem sido a evolução continua do Homem, geração após geração, como que tornando realidade o que antes parecia um sonho metafísico. Pois tudo está previsto na mesma lei que emana do Ser Cósmico uma vez, que tudo para Ele retorna... pois tudo é Ele, e nada acontece senão por Ele...

A Divergência Maçónica em Portugal

O Novo Dicionário da Língua Portuguesa define Maçonaria como: "Maçonaria - Sociedade parcialmente secreta, cujo objectivo principal é o de desenvolver o princípio da fraternidade e da filantropia; associação de pedreiros-livres, Franco-maçonaria".

A esta definição, nós maçons acrescentamos: Trata-se de uma sociedade Iniciática exclusiva para Homens cujo objectivo consiste, unicamente, em ajudar o homem e dar-lhe acesso à Iniciação, ao conhecimento, para que este continue a edificação do seu Templo interior, isto é, para que ele descubra o seu "Eu" oculto, e ao mesmo tempo, para que ele continue a edificação de seu Templo exterior - isto é, para que ele prepare o advento de uma sociedade mais humana, mais justa e mais esclarecida.
E é fundamentalmente nesta filosofia, que nós maçons apesar do formigueiro e do ruído incessante da cidade nos mantemos fiéis ao sagrado silêncio do nosso Templo. O qual é a loja e nele são as palavras, os gestos e o vestuário os quais têm um significado próximo do divino e longe do terreno, o que faz com que se perdure a crença no Ser superior, criador dos céus e da terra, a que humildemente e veneravelmente nós chamamos do “Grande Arquitecto do Universo”.

Embora na generalidade os profanos considerem a Maçonaria uma Sociedade secreta, dentro da realidade actual, esta não é uma Sociedade SECRETA, mas sim uma Sociedade DISCRETA, pois nós maçons entendemos, que tudo a que diz respeito a esta nobre e respeitável Ordem está reservado e somente interessa à aqueles que nela participam e façam parte. Como sabeis, existe realmente uma grande diferença entre estes dois conceitos. Como SECRETA dever-se-ia provavelmente entender, que se esconde na Maçonaria algo que não pode ser revelado no mundo exterior a esta, algo provavelmente de maléfico, de hediondo, algo de muito perigoso. O que não é verdade, a Maçonaria apenas reserva aos seus membros os seu princípios, as suas tradições como também a sua própria maneira de agir, onde o universo é o homem e o seu bem estar. Embora existam hoje muitas publicações sobre a história desta secular Instituição, nas quais basta uma simples leitura para que esta revele os seus propósitos e as suas ideias, mesmo assim, teima no mundo exterior a permanecer a ideia do secretíssimo. Mas, só pelo facto de existir estas publicações de acesso fácil a qualquer leitor e a Ordem estar inscrita nas instituições públicas a esse fim consignadas, é razão suficiente para esta ser considerada uma Sociedade Discreta.

Mas na verdade, não há fumo sem fogo. Nós somos os herdeiros de uma história marcada pela resistência e pela clandestinidade, em que não raras vezes fomos acusados de bruxaria e vistos como um perigo para o regime vigente e de muito perigosos para todos que detinham o verdadeiro poder das nações mais interessados na exploração do homem. Por este facto, alguns de nós ainda hoje continuam a ter medo de dizer que são maçons, preferindo actuar em nome da Ordem na sombra da clandestinidade e fora da ribalta das luzes.

Hoje, aparentemente não há razão para este temor, tanto mais, que depois de décadas de luta pelo reconhecimento do poder político, esta conseguiu, com o 25 de Abril, o seu reconhecimento por este poder. Embora esta fosse uma aspiração antiga, a hora não é de felicidade para nós maçons, pois a maçonaria portuguesa hoje está dividida entre o que poderemos considerar de Conservadores e Progressistas, Laicos e Crentes,

As nossas divergências são de uma dimensão profunda, quase gigantesca, pelo que falarmos em união entre as várias obediências é falarmos numa utopia ou de um sonho. Pois as nossas divergências, vão desde a crença em Deus aos assuntos passíveis de serem discutidos em loja. O Grande Oriente Lusitano, velho bastião da maçonaria portuguesa, filho do movimento republicano e seguidor da linha socialista, continua a defender uma maçonaria laica e despojada de qualquer livro sagrado, pela razão de não limitar a margem de manobra dos maçons, segundo a opinião dos seus membros, os quais dão como razão para esta sua posição, o facto de que “o maçom é um homem mais livre do que o homem comum”. Assim, estes nossos irmãos não acreditam em Deus, aceitam ter mulheres na instituição (embora em lojas próprias) e discutem vivamente a política da ordem do dia, havendo mesmo quem diga que é nas suas reuniões que se decidem muitos dos lugares de destaque da vida pública e partidária. Estes nossos irmãos são adeptos da linha francesa, jacobina e rebelde em relação aos textos fundamentais da maçonaria. Em face destes factos, o Grande Oriente Lusitano pode ser conotado com a facção mais progressista e de facto este ao longo da história da instituição, sempre se digladiou contra a linha marcadamente conservadora e rictualista. Foi esta linha que, em 1989, se separou do Grande Oriente e decidiu iniciar em Portugal a maçonaria regular através da G.L.R.P., a qual é uma fiel seguidora do modelo inglês, conservador em relação aos princípios constitucionais da ordem definidos há muitos séculos: crença em Deus, proibição de discutir assuntos políticos ou religiosos em loja e proibição à entrada de mulheres.

Em suma, nós somos a maçonaria dos novos tempos, que embora conservadora e de princípios medievais, se despolitiza, se reforça nos seus rituais, e que ressuscita a crença em Deus e abre os braços a todos os credos e religiões. Nós acreditamos na imortalidade da Alma e condenamos a discussão sectária de natureza política ou religiosa. Nós Procuramos unir a espécie humana pelos laços do amor fraternal, por isso a Maçonaria cumpre a lei básica de qualquer credo religioso válido.

Advertência Aos Aprendizes

Meus Irmãos, acabaram de ingressar numa instituição cuja história por completo ignorais, cuja origem também desconheceis, e cuja organização não tendes qualquer noção, nem fazeis a mínima ideia qual é o seu âmbito e o seu alcance. Até os símbolos que vos rodeiam, vos parecem estar envoltos pelo mais profundo hermetismo. E apesar deste vosso natural confuso estado, aproveito desde já para vos advertir, que para conhecerem esta augusta Obediência, e sentirem que fazem parte integrante desta grande irmandade, deveis saber ouvir os Mestres Maçons, pois eles subtilmente, para além de vos indicarem quais são os melhores planos arquitectónicos para a construção do vosso Templo Interno, em cada preciso momento, indicar-vos-ão também, com igual subtileza, quais são os melhores materiais para a sua construção. Caso venham a estar desatentos às suas subtis e sábias orientações, nunca saberão construir o vosso Templo Corpo, como também, correrão o risco de nunca virem a conhecer o que esta secular Ordem encerra no seu seio, que é, e que será sempre um mistério para quem por ela distraidamente passe, uma vez que nunca virão a conhecer o seu real propósito, nem tão pouco virão a conhecer a Força Espiritual que esta oculta, e que a todos nós anima. Na verdade, essa Força é o seu mais precioso e verdadeiro Tesouro.

Aproveito ainda este precioso momento para vos informar, que a Maçonaria é uma grande família universal, e como tal, é natural que tenha para com o mundo profano o comportamento reservado e pudico. Aliás, comportamento em tudo idêntico a qualquer vulgar família, que pelo seu amor próprio, não gosta que estranhos se envolvam nos seus segredos familiares e que os devassem. Por isso, sabe abster-se de lavar publicamente as suas questões internas.

Por outro lado, aproveito também este solene momento para vos informar: que a Maçonaria é considerada por nós Maçons, a Arte Suprema. A Arte Real por excelência, dado que para nós Maçons, ela é a arte suprema da vida. Por outras palavras: ela é para nós, a arte de fazer do próprio espírito a morada do eterno, e deste modo, ela é a arte de conduzir o Espírito à absoluta perfeição. Por conseguinte, esta Arte Real só se obtém quando cada um de vós fizer actuar a transmutação iniciática que irão receber ao longo da vossa formação Maçónica. Pois, na verdade, cada pedra que é destinada ao Templo da Sabedoria, somente por vós será desbastada, esquadriada, polida e transmutada na pedra cúbica da perfeição.

Por último, transmito-vos um segredo: nas paredes deste Templo que nos acolhe, e que representam o Universo, estão invisivelmente adornadas com três estátuas duma antiga religião: Minerva, Hércules, e Vénus. Estas divindades que solidificam as paredes deste Templo, personificam a Sabedoria, a Força e a Beleza. Nessas simbólicas colunas, não assentam somente o Templo Maçónico, uma vez que nelas assentam também, qualquer sociedade que se queira justa, perfeita e bem construída. Por isso, meus Irmãos, elas serão os principais alicerces do vosso Templo Externo. Procurem construírem-nas robustas, sólidas e acima de tudo, muito belas.